Os livros da Trupe Fandanga
Os livros da Trupe Fandanga
VAZIO, de Catarina Sobral, ed. Pato Lógico
Neste belíssimo livro sem palavras, o sr. Vazio vai refletindo o meio e as pessoas à sua volta. No entanto, nada permanece dentro de si. Ao contrário, o personagem de Ai de Mim, Ai doEu, está cheio, mas só de si. Quando perde a sua imagem e reflexo fica vazio e procura reconstruir-se com o que encontra ao seu redor. Embora com origens diferentes, encontrei um paralelismo no vazio interno que ambas personagens vivem em determinado momento.
EU QUERO A MINHA CABEÇA!, de António Jorge Gonçalves, ed. Pato Lógico
Perder a cabeça é comum, mas perdê-la literalmente é um desafio para poucos. Curiosamente a personagem deste espetáculo não perde a cabeça, mas perde a cara e, como céu, também procura uma substituição para ela. Céu é teimosa, não aceita qualquer cabeça em troca e encontra um caminho para a recuperar. A nossa personagem é mais conformada e continua a moldar-se e a metamorfosear-se.
KÉ IZ TUK?, de Carson Ellis, ed. Orfeu Negro
Uma história com ilustrações espetaculares e uma língua com uma fonética particular que reflete, com muito humor um certo absurdo e fatalismo no ciclo da vida e da morte. Tudo nasce, morre e renasce… E no espaço entre estes polos acontece a vida e a metamorfose. E nada parece mudar de sítio, apenas replica e multiplica.
QUANDO TEODORO ENCOLHEU, de Florence Parry Heide com ilustrações de Edward Gorey, ed. Livros Horizonte
Teodoro está estranhamente a ficar cada vez mais pequeno e ninguém parece notar. Ele decresce debaixo da indiferença dos adultos. As convenções são o mais importante. Na escola não se encolhe e muito menos à mesa. A invisibilidade física desta criança é como uma negação da sua identidade única e desajustada pela indiferença.
MÁQUINAS DE BRINCAR, de Virgínio Moutinho e Élvira Leite, ed. Fundação para o Desenvolvimento do Vale Campanhã
Embora este livro não tenha uma ligação óbvia a este espetáculo, ela existe. As máquinas de brincar do Virgínio Moutinho foram um dos objetos de inspiração para o aparecimento das minhas primeiras esculturas mecânicas (logo após a faculdade de escultura), que indiretamente, foram as causadoras do meu percurso tardio como marionetista. As esculturas não eram suficientes para contar histórias. Então comecei a fazer esculturas manipuláveis e passiveis de contar histórias sem palavras… e a brincar.