Os livros do Frenesim
Os livros do Frenesim
Aqui podes encontrar vários livros que orbitam à volta do espetáculo Não se canta à Mesa.
KÉ IZ TUK?, de Carson Ellis, ed. Orfeu Negro
Um inseto no teto pousado cai pró lado, aterra no chão de pernas para o ar, coitado…
Não se consegue levantar, coitado!
E se o teto cai em cima do inseto, fica um tampo pousado no chão.
E decerto fica sem teto, o inseto, e então fica sem chão, o morcão.
E fica sem casa, e fica sem asa.
E embora seja inseto, também tem opinião, e acha que não está certo não ter teto, não ter chão.
O certo, é que o inseto, apesar de não ter casa, tem ainda uma asa, e porque está desperto, ele consegue voar.
Ele consegue voar!
POEMAS PARA BOCAS PEQUENAS, de Margarida Mestre e António-Pedro e Marta Madureira (ilustrações), ed. Boca
As palavras enrolam-se e desenrolam-se na língua, e dão as mãos e os pés umas às outras, em rima, em sequência, em acumulação, em repetição – numa simplicidade que é um jogo, e abrindo espaço ao pensamento das regras que existem, de quem as inventou, e do porquê de continuarem presentes. Quem disse que não se canta à mesa? Eu quero cantar-te, ó Mesa, mesa pequenina, mesinha, mezinha, mesinha de cabeceira, Ómessa!
TROCOSCÓPIO, de Bernardo Carvalho, ed. Planeta Tangerina
Formas geométricas em cores que se desmultiplicam – somam, subtraem, criam novos lugares no papel, no palco, e na imaginação. Um triângulo vermelho pode ser também um candeeiro, e os círculos verdes podem ser ervilhas, pontos de fuga, ilhas, ou bolas de ping pong. É dentro de uma ideia de economia artística que nos mexemos, e levamos ao extremo o potencial do material, do que existe e do que não existe.
O PEQUENO INVENTOR, de Hyun Duk Cho Mi-Ae, ed. Orfeu Negro
Brincar com uma caixa de cartão – planear, construir, descobrir, estudar, testar, perguntar. Corta, cola, enrola, vira ao contrário. Pois é assim que esta mesa se constrói – num cartão. Com ele, todo o mundo se desenha. Não precisamos de muito mais.
OH! UM LIVRO COM SONS, de Hervé Tullet, ed. Presença
Na criação, partimos sempre dos elementos mais simples, como células de composição – o som, a cor, o gesto, a forma. E depois relacionamo-los. O jogo é encontrar o som do azul deitado, ou a cor deste grito mudo. Estas células que vêm de diferentes linguagens e expressões artísticas não são estanques, pois que a vida também não se vive em caixinhas. Vamos encontrando traduções artísticas para o que criámos, e desta relação surge a composição artística. Se eu fechasse os olhos, que som tem este quadro? Partimos do conceito de paisagem sonora (Soundscape) de Murray Schafer – e é quando as pomos em comunicação com as sensações que nos provocam que surgem as palavras, mais do que fechadas, portais para a imaginação. Cor de rosa é vermelho devagarinho, sabias?