Ciclo O’Neill
Ciclo O’Neill
“Há palavras que nos beijam como se tivessem boca…”
(No Reino da Dinamarca, Relógio D’Água. 1997)
Começa assim um dos muitos poemas do Alexandre O’Neill. Acho que o que ele queria dizer talvez fosse que há palavras doces como beijinhos e que as palavras são como gestos, atos ou movimentos, mas em forma de linhas que desenham letras e divertimentos com sinais ortográficos, por exemplo.
Num tempo em que parece haver mais beijos escritos do que dados, mensagens telegráficas, redes rápidas e várias, voltamos a lembrar, para não esquecer, que há poetas portugueses, que mesmo não parecendo continuam vivos e a dar-nos palavras, versos, frases inteiras que nem imaginávamos que existiam e que são “palavras que nos transportam”.
Alexandre O’Neill, que este ano faria 100 anos, e a quem escolhemos dedicar este ciclo, está tão presente neste presente que faz parte dos nossos dias mesmo sem nos apercebermos. Já ouviste esta frase?:
“Há mar e mar, há ir e voltar.”
É do Alexandre O’Neill. Talvez seja o primeiro poema português a transformar-se em provérbio de tão irresistível, ao explicar-nos o caminho da vida, de forma tão clara e objetiva, e pondo razão nas cabeças, grandes e pequenas.
Ou
AVISO
CUIDADO COM O CÃO
UI ÃO
ÃO
ÃO
UI
UI
UIÃO
UI
(Entre a Cortina e a Vidraça, Editorial Estúdios Cor. 1972)
Este poema visual aparece às vezes nos livros escolares a explicar que a poesia, para além de beijar como se tivesse boca, também é para os ouvidos e pode ser para os olhos como uma obra de arte – e a dizer-nos como a ler.
Para nos ajudar a encontrar mais palavras certas, decidimos inspirarmo-nos no trabalho do Alexandre O’Neill, na poesia, publicidade, peças de teatro, canções e filmes, e organizar um pequeno programa a várias vozes, para que fiquem a conhecer este poeta português um pouco melhor. Tomai lá do O’Neill.
Susana Menezes, diretora artística
Playlist – Tomai lá de O’Neill, de Luís Leal Miranda, Música/Programação online
Poemas para Estes Dias, de Miguel Fragata e Pedro Mourão, Poesia/Programação online
Um Poeta em Forma de Assim: visita guiada à cabeça de Alexandre O’Neill, de Malu Vilas Boas e Luís Leal Miranda, Teatro
A Loja a Fingir do Museu Imaginário, de Lavandaria e Luís Leal Miranda, Exposição
AlfabetO’Neill, de Ana Ribeiro, Oficina