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Livros espetaculares (mesmo!) para o espetáculo 5 Fábulas para não adormecer

Sara Amado

Ali no palco, umas vezes às escondidas outras vezes mesmo à nossa frente, a Catarina e o Manuel são como mágicos que nos revelam histórias quase sem palavras, mas que dizem muitas coisas importantes: mexem e remexem naqueles brinquedos (que se chamam marionetas) e falam por eles numa língua que não percebemos, mas que compreendemos. As marionetas ganham vida nas suas mãos, nas suas vozes, e acreditamos nas histórias destas personagens. Também nestes livros que escolhi irás encontrar histórias sem palavras ou com palavras estranhas, histórias de outros Senhores que se julgam Grandes, histórias sobre partilhar (ou não) e sobre dar abraços (ou não). Aqui tos deixo para que possas ler, ouvir e ver outras histórias de que me lembrei a propósito deste espetáculo. Porque, sabes, as histórias são como as cerejas: uma traz sempre outra agarrada a ela. E estes livros são espetaculares, mesmo!

 

Balbúrdia
(Teresa Cortez, ed. Pato Lógico)

É bom ter brinquedos. Mas quantos? Bem, o menino deste livro tem brinquedos, muito brinquedos, mesmo. Tantos que acabou por criar um monstro! O Senhor Grande até se parece um pouco com ele, a acumular cada vez mais e mais coisas! Para quê? Então, vê bem, talvez não seja preciso fazer uma balbúrdia com imensos brinquedos para realmente brincar. Sabes que foram a Catarina e o Manuel, os marionetistas que estão no palco, a construir os brinquedos que entram neste espetáculo?

Quero um abraço
(Simona Ciraolo, ed. Orfeu)

O Pequenino, uma das personagens no palco, anda por ali a repetir “Mimo, Mimo…”. Será que quer mesmo mimo? Um abraço? Só isso? Aqui o Filipe é um cato e tudo o que ele quer é um abraço. Parece pouco, não é? Mas parece que ninguém quer abraçá-lo — e eu até percebo, com aqueles espinhos todos… Mas, agora, imagina o problema: e se o Filipe quiser dar um abraço ao amigo balão?

O rei inchado
(Maria João Lopes + Catarina Correia Marques, ed. Máquina de Voar)

Este é um rei açambarcador. Sabes o que isso quer dizer? Bem, é um pouco como o Senhor Grande, ali no palco: alguém que tira tudo só para si. Na feira das Vaidades do reino, onde se vendia de tudo o que existe para as pessoas vaidosas, o rei quis tudo só para ele. De maneira que inchou, inchou, inchou até se transformar num balão. E agora? Será que vai sair do reino, como o Senhor Grande saiu do palco?…

 

A rainha das rãs não pode molhar os pés
(Davide Cali + Marco Somà, ed. Bruaá)

Esta rã mergulhou e saiu da água com uma coroa. E, a partir desse dia, passou a ser mais do que as outras: a rainha das rãs! Só porque tinha uma coroa na cabeça. Parece-te bem? Pois, às outras rãs, também não lhes pareceu nada bem. E foi por isso que arranjaram maneira de lhe fazer tombar a coroa. Será um rei «rei» só por usar uma coroa? De onde lhe vem o poder de mandar?

 

Ké iz tuk?
(Carson Elis, ed. Orfeu)

Consegues perceber o que dizem estas marionetas em palco? Reconheces algumas palavras, não reconheces? O resto parece japonês, como o Senhor Takashi!! Mas o que é certo é que compreendemos as histórias que nos contam ali, debaixo das luzes. Os insetos deste livro falam numa língua estranha. Se já lês, vais achar que este livro não está escrito em português; se não lês, vais ver a cara aflita de quem está a tentar dizer estas palavras estranhas. Mas calma, não falamos só com palavras – as imagens também falam e vais ver que percebes bem estas histórias: a das marionetas e a dos insetos!

 

Achámos um chapéu
(Jon Klassen, Louis Rigaud, ed. Orfeu)

Partilhar não é fácil. Principalmente quando só há, por exemplo, um chapéu (espetacular!) para duas cabeças. O Senhor Grande parece um daqueles meninos que não sabe emprestar brinquedos, não achas? Então vê lá como é que as amigas tartarugas resolveram esta questão difícil. Uma delas quase não resistia, mas, no fundo, ela sabe que a amizade é muito mais valiosa do que um chapéu — ou outra coisa qualquer!

 

Capital
(Afonso Cruz, ed. Pato Lógico)

O Senhor Grande tem montes de moedas. E montes de coisas. Tem muito capital, diz-se. É mesmo bom quando recebemos uma moeda para comprar uma carteirinha de cromos ou uma pastilha; ou então quando decidimos ir juntando as moedinhas todas que nos dão para comprarmos uma coisa mais valiosa. Mas o dinheiro é uma coisa muito estranha: às vezes cega-nos. Este menino recebeu um porquinho mealheiro que se tornou o seu melhor amigo. Mas o porquinho — ou a ganância do menino? — inchou tanto, que agora mais parece um monstro feroz! Às vezes confunde-se ganância* com ambição*. Mas, ter ambição é bom; ser ganancioso é mesmo muito feio. Eu acho.

* ganância é uma vontade muito forte de ter e/ou de ganhar sempre mais do que os outros.
* ambição é ter um enorme desejo de realizar ou atingir alguma coisa.

 

Fotografia: LU.CA/Gonçalo Soares